Duas partes de mim
Fico pensando: às vezes tudo o
que eu preciso é uma boa dose de café. A vida é conturbada, cheia de
desavenças, problemas, dores de cabeça, mas como já diz a minha mãe: toma um
gole de café que tudo fica bem. E fica.
Cafeína é uma das causas da
enxaqueca, no entanto, um gole de café sempre curou essa dor de cabeça latente
que me persegue. E fico feliz por isso, porque sempre precisei de um estímulo
para conseguir sair da cama, que sempre me trouxe ótimas noites de preguiça e
de descanso. Mas na verdade, o fato é que: eu preciso ficar de pé. De pé,
acordada, de olhos abertos, atenção no mundo. Sempre vivi no mundo da lua,
imaginando coisas em qualquer situação, fechando os olhos e imaginando todas as
coisas boas que eu poderia conseguir além daquelas que já possuía... E no fim,
tornei toda essa minha loucura de dois mundos em realidade.
A Ana que vos fala tem tantos
sonhos quanto uma criança de sete anos que ainda não sabe o que quer, que um
dia teima que quer ser bombeira e no outro, bate o pé querendo ser médica. Faz
parte de mim! Nunca me adaptei a uma só forma de viver. Não sou como minha vó
(claro que seria maravilhoso ser como ela, ela é demais), mas ela nasceu,
aprendeu a cozinhar, lavar e passar, casou, teve seis filhos e fim.
Definitivamente, não quero uma vida resumida em apenas alguns caracteres. Quero
livros, obras sobre mim... Quero que um tcc de qualquer faculdade seja
inspirado nas boas coisas que fiz, uma música feita por algum compositor...
Algo que alguém pense e diga: “Quem é essa Ana?”, assim como eu me pergunto
quem é a Ana dos Engenheiros.
Não que eu me ache uma pessoa
realmente digna de ser inspiração para alguém, mas o medo do esquecimento
assombra meu ser. Como vou viver a vida com o currículo repleto de faculdades,
poesias espalhadas pra tudo quanto é canto, livros escritos com toda a minha
dedicação e ser esquecida no tempo? Uma pessoa e é tudo o que eu preciso. Uma
pessoa que daqui a 50 anos, veja uma foto minha, leia alguma coisa escrita por
mim e guarde no coração, assim como eu guardei no coração todas as palavras de
fé que já li e reli uma centena de vezes. E só.
Apesar de não parecer tão
simples, eu sou. Ou me vejo assim. Tudo o que eu mais queria era um vaso com
terra e semente de girassol pra poder plantar. Eu amo girassóis. Ou qualquer
coisa que fosse da cor vermelha, porque, definitivamente, se em algum outro
plano, depois desse, me perguntarem “qual é a cor da sua alma?” não terei
dúvidas em dizer que é vermelho. É a minha cor. A cor da minha essência meio
louca e lunática, é a cor da minha intensidade, das minhas paixões, dos meus
desejos.
Mas, contudo, entretanto,
todavia, a Ana que vive o mundo real, que acorda cedo, que socializa, é a
pessoa mais indecisa que eu conheço. Não sabe escutar conselhos e se machuca
por ser tão teimosa e, às vezes, um pouco orgulhosa. Além de tudo isso, sofre
de um grave problema de preguiça de manter contato, não sabe mandar “oi”, não
sabe ser 100% atualizada da vida dos amigos, mas acompanha de perto tudo o que
acontece, de trás da cortina, vigiando, esperando a hora certa de manter o
contato e se fazer essencial na vida de alguém, sem precisar falar tanto. Como
se, olhando assim, eu fosse a pessoa mais quieta e tímida da vida. Não sou. Não
paro quieta, não paro calada. Peco em excessos, mas sou sincera e eu mesmo em
cada palavra que digo. Sempre fui fã da autenticidade. E além desses detalhes,
que já considero de assustar, sou paranoica com a hora (tempo/hora tudo isso me
deixa nervosa). Não sei chegar atrasada e calculo a minha vida com uma hora de
antecedência... Espero encarecidamente que isso não seja um motivo para a hora
da minha morte ser adiantada. Apesar de gostar de viver adiantada, dispenso a
hora da partida.
Por falar em partida, só de
pensar que algo ou alguém está indo embora, corta o meu coração, me deixa mal,
triste e me faz chorar... Ah, se meu travesseiro falasse, denunciaria todas às
vezes os momentos em que chorei quando existia a possibilidade da partida. Mas
enfim, poupemos a partida e vamos direto para o até logo... Juro que volto (sou
tão ruim em despedidas que nunca soube terminar um texto/artigo, então,
considere isso como um fim).
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