Nova meta de vida
Há muito tempo atrás eu era uma
espécie de rata de livros. Lia todos os dias, incessantemente. Tinha sempre um
livro na bolsa à espera da minha disponibilidade para ser lido. Até que um dia,
minha vida de adolescente, me chamou para viver algumas grandes aventuras
reais. E foi aí que eu comecei a me afastar daquilo que abria minha mente, me
fazia bem... Deixei de lado todas as palavras e passei de “sonhadora” a “protagonista
da própria vida”. Mas, ao contrário do que parece, nunca pensei que os livros
me impediam de viver ou era uma espécie de caixa que me protegia de todos os
meus anseios, só que lendo muito, eu sonhava muito e esperava todos os dias em
que a vida me desse uma oportunidade única de viver de forma diferente e ela,
enfim, olhou pra mim e disse “agora é a sua vez!”. E foi.
Evidente que essa forma única de
viver que havia ganhado, não significava muita coisa, considerando o fato de
que ainda não alcancei meus vinte anos (espero não alcançar tão cedo), mas
comecei a sair, a beber mais do que bebia em algumas fugas do meu período de
reclusão, aprendi coisas para os maiores de dezoito anos e fui feliz com as
minhas escolhas e ainda sou, graças a Deus. Só que aí, nesse período
maravilhoso de descoberta, senti falta de sonhar. Grande parte da vida se
baseia na caminhada e não na chegada, então, suspendi meu recesso de meses da
leitura e voltei. Voltei com tudo. Voltei com a mesma paixão e voracidade de
sempre.
Sofro de um problema chamado “consumismo
literário”. Não que seja algo ruim, veja bem, ler é fantasticamente incrível e
eu troquei a utilidade do meu dinheiro, deixei de beber, de sair, de comprar
roupas e passei a comprar livros e comer. Ganhei uns quilos a mais, confesso,
mas voltei a cuidar de mim. Cuidar do que eu sonho, nutrir meus desejos e
deixar de lado toda aquela vontade de mostrar algo pra alguém. Ninguém nunca
precisou ver nada, eu é que preciso me ver bem. E foi assim que comecei a
escrever esse texto, com cinco livros pendentes, todos pelas metades, me fazendo
sonhar em todas as coisas que ficaram guardadas em mim por tanto tempo que
havia esquecido que ainda existiam. Voltei a me conhecer, a me reconhecer, a
ser feliz da minha maneira, comecei a apreciar a vida de ciclista, a gostar de
praia como um refugio ou um lugar bonito, que valesse a pena desfrutar. Voltei à
estaca de alguns anos atrás, que sonhava em conhecer o mundo, a trabalhar com
palavras, a querer muito ser feliz, acima de tudo, deixar de estar, de ter e
começar a ser, porque ser é muito mais importante do que ter, afinal, quando a
gente parte daqui, o que levamos, além da nossa alma? Isso mesmo, nada. Ser
feliz sem medidas e sonhar sem limites, nova meta de vida.
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