Por onde anda você?


Eu caminhei pelos mesmos caminhos que você andou, andei por ruas que você um dia pisou. Procurei-te em todos os cantos, querendo ver só mais uma vez, mas nenhuma daquelas pessoas que por ali passavam, me lembravam você. Tomei aquele café que você dizia ser o melhor café do mundo, visitei aquele museu que você sempre citava quando falávamos de arte, cheguei até ir a uma noite de autógrafos daquele escritor que tanto te inspirava. Mas você não apareceu por lá.

Subi até o último andar do prédio mais alto, desci até o subterrâneo de uma cidade movimentada, mas não te encontrei. Cheguei até entrar numa padaria pela manhã, pedir um pedaço de torta de limão e agua de coco e uma mesa pra dois. Era só eu. Eu, eu mesmo e minhas lembranças infinitas.

Ninguém nunca entendeu né?!  Você chegou sem pedir licença, entrou, bagunçou, me ensinou a voar e depois partiu, me deixando voar sozinha. Voei até o outro lado do mundo, fui do sul pro norte, do leste pro oeste, te procurando loucamente pelas paisagens do mundo, pelos bares, padarias e lojas.  Cidades tão cheias, coração repleto de memórias. 

Já faz um tempo que eu não te vejo, levo comigo uma fotografia nossa do dia do nosso casamento. Você estava tão lindo. Era o nosso sonho particular se concretizando. Lembro de que quando eu entrei pela porta da igreja, uma lágrima saltou do seu rosto para o chão. Nós sabíamos, era a escolha certa. Tocava Ave Maria no fundo, pedíamos proteção, que o nosso amor fosse guardado e protegido. Aconteceu. Ninguém nunca tocou no que sentíamos um pelo o outro.

Nós pertencíamos a um equilíbrio. Você veio com seu juízo, sua bagagem de longos anos de viagens, erros e acertos e eu vim com a minha sede de viver a vida intensamente, de achar graça de tudo, de enxergar um corpo ainda cheio ao invés de quase vazio. Ninguém compreenderia a nossa ligação.
Fiz-te ver todos os meus filmes prediletos, todos de menininha, é claro. Mas você nunca discutiu... Você fazia questão de ver ao meu lado e entendia meu lado garotinha de ser. Entendia tanto que me protegia  como uma, amava meu espirito liberto, mas vivia atrás com medo de que eu me machucasse. Vai entender, era contraditório.

E agora, em meio a tudo isso, só sobrou àquela ligação que aos poucos vai se perdendo, a gente não se fala mais, não se vê mais. Teu cheiro já saiu do meu travesseiro, já comprei seu perfume para espalhar pela casa na esperança que o perfume te atraía de volta e você resolva ficar.


O café está quente, amor... Se apresse porque quando ele esfriar, a música vai parar de tocar e eu, como uma boa menina, já estarei indo pra casa, em busca de mim mesmo que deixei pra trás. 

Comentários

Postagens mais visitadas