quando olhei pra mim

quando olhei pra mim, vi o caos. tudo estava fora do lugar. os quadros nas paredes estavam tortos, algumas lâmpadas queimadas e uma poeira tão presente que parecia gente - viva e pulsante. 

quando olhei pra mim, senti dor. daquelas dores que a gente sente logo quando acabamos de ralar os joelhos e encostamos sem querer e dói como se tivéssemos acabado de abrir a ferida. uma dor que volta.. sempre volta.

quando olhei pra mim, senti desespero. não havia nada que eu pudesse fazer para conter as enxurradas de emoções que vinham. parecia que o verdadeiro tsunami tinha se instaurado na minha alma e eu estava me afogando de sensações que há tanto tempo evitava.

quando olhei pra mim quis fechar a porta. evitar a bagunça que ficou depois que me deixei de lado. evitar as dores do passado que ao invés de curar, ignorei. mas que volta e meia, dói. e não se cicatriza porque eu ainda não aprendi a passar o remédio certo. evitar as emoções que fechei em um armário velho, caindo aos pedaços porque sentir me sufocava muito, então antes de me sufocar, eu me auto sufoquei. 

olhar pra dentro é dar de cara com um espelho que reflete tudo aquilo que insistimos em esconder e não tem nada mais doloroso do que ver a verdade. porque a verdade não costuma ser bonita, enfeitada e agradável. a verdade é o que é e não tem nada que mude isso. 

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